quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Imperfeito





Sou cego por não ver
A verdade que não posso conceber
A beleza do ser que permeia e abrange
Que passa e permanece
E estabelece o que vejo sem saber

Sou cego por não ver
O que há em mim por dentro
Ao centro e ao redor
E nem o chão que piso percebo
Sem entender, ao menos, o que represento
Tampouco o alento
Que move meus pés de tempo

Sou surdo e não posso ouvir
O som que toca sem parar
Pela correnteza dos rios
Na dança das ondas do mar
No grito dos pássaros a zunir no espaço estrito
Andamento de água parada
E velocidade de fogo ao vento

A canção que flui do universo
Na profundidade do infinito incerto
Sou assim de nascimento
De herança e sofrimento
Condenado ao silêncio
Dos mudos e detentos

Sou surdo e não posso ouvir
A vibração das cordas do coração
O soar das notas na alma dos instrumentos

Sou feito
Imperfeito
Por assim dizer
por não ouvir e nem ver




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